Tornou-se lugar comum dizer que o
Brasil têm inúmeros problemas e que há enormes dificuldades em serem
solucionados, seja devido ao descaso do governo, aos problemas com a corrupção
ou ao pouco tempo para colocar em prática políticas públicas que precisam ser
implantadas em longo prazo.
A melhoria da saúde pública é um
desses grandes desafios que o Brasil precisa vencer, principalmente quando
avaliamos o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, não podemos negar que a
recente polêmica em torno da vinda de médicos estrangeiros para o país
reacendeu a discussão.
Historicamente, a Constituição
Federal de 1988 instituiu o SUS, que tem sua origem no movimento conhecido como
Revolução Sanitária, nascido nos meios acadêmicos na década de 1970. A
implantação do Sistema foi de grande valia no setor da saúde do brasileiro,
porém, hoje, sabe-se que esse Sistema não funciona essencialmente conforme seus
princípios: saúde como direito de todos, pregando pela Universalidade, Equidade
e Integralidade da atenção à saúde da população brasileira.
Para garantir saúde pública de
qualidade a toda população, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho.
A falta de médicos em regiões afastadas em contraponto à intensa concentração
nas grandes cidades, a ausência de estrutura nos hospitais da rede pública,
além da dificuldade em conseguir atendimento no SUS são apenas alguns dos
inúmeros problemas que atingem os brasileiros que tentam utilizar a saúde
pública diariamente.
Para entendermos a dimensão do SUS,
de acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde é considerado o
maior sistema público de transplantes de órgão do mundo, e, em 2013, respondeu
por 98% do mercado de vacinas e por 97% dos procedimentos de quimioterapia,
tendo atendido entre 2010 e 2012 mais de 32,8 milhões de procedimentos
oncológicos.
No entanto, o primeiro desafio do SUS
esbarra no suporte dos postos e centros de saúde, além das unidades do Programa
Saúde da Família, já que, se estes serviços funcionassem plenamente, seriam
capazes de atender e resolver 80% dos problemas de saúde da população,
desafogando assim os hospitais e clínicas especializadas, que poderiam dar mais
atenção aos casos de maior complexidade. Além disso, muitas vezes, as doenças
dos pacientes encaminhados aos hospitais poderiam ser evitadas, com ações mais
efetivas na área da prevenção ou se tratadas em estágio inicial.
Infelizmente, o Brasil ainda tem
muito que aprender e melhorar. Enquanto bilhões de reais foram aplicados em
arenas esportivas, milhares de pessoas esperam nas filas em postos de saúde e
hospitais públicos, além da falta de leitos e carência de médicos. Não basta
apenas ampliar os investimentos em saúde pública, é preciso reverter a má
distribuição dos recursos e melhorar a infraestrutura nas regiões mais
desassistidas.