quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Os desafios da saúde pública no Brasil

              Tornou-se lugar comum dizer que o Brasil têm inúmeros problemas e que há enormes dificuldades em serem solucionados, seja devido ao descaso do governo, aos problemas com a corrupção ou ao pouco tempo para colocar em prática políticas públicas que precisam ser implantadas em longo prazo.

A melhoria da saúde pública é um desses grandes desafios que o Brasil precisa vencer, principalmente quando avaliamos o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, não podemos negar que a recente polêmica em torno da vinda de médicos estrangeiros para o país reacendeu a discussão.

Historicamente, a Constituição Federal de 1988 instituiu o SUS, que tem sua origem no movimento conhecido como Revolução Sanitária, nascido nos meios acadêmicos na década de 1970. A implantação do Sistema foi de grande valia no setor da saúde do brasileiro, porém, hoje, sabe-se que esse Sistema não funciona essencialmente conforme seus princípios: saúde como direito de todos, pregando pela Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da população brasileira.

Para garantir saúde pública de qualidade a toda população, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho. A falta de médicos em regiões afastadas em contraponto à intensa concentração nas grandes cidades, a ausência de estrutura nos hospitais da rede pública, além da dificuldade em conseguir atendimento no SUS são apenas alguns dos inúmeros problemas que atingem os brasileiros que tentam utilizar a saúde pública diariamente. 

Para entendermos a dimensão do SUS, de acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde é considerado o maior sistema público de transplantes de órgão do mundo, e, em 2013, respondeu por 98% do mercado de vacinas e por 97% dos procedimentos de quimioterapia, tendo atendido entre 2010 e 2012 mais de 32,8 milhões de procedimentos oncológicos.

No entanto, o primeiro desafio do SUS esbarra no suporte dos postos e centros de saúde, além das unidades do Programa Saúde da Família, já que, se estes serviços funcionassem plenamente, seriam capazes de atender e resolver 80% dos problemas de saúde da população, desafogando assim os hospitais e clínicas especializadas, que poderiam dar mais atenção aos casos de maior complexidade. Além disso, muitas vezes, as doenças dos pacientes encaminhados aos hospitais poderiam ser evitadas, com ações mais efetivas na área da prevenção ou se tratadas em estágio inicial.

Infelizmente, o Brasil ainda tem muito que aprender e melhorar. Enquanto bilhões de reais foram aplicados em arenas esportivas, milhares de pessoas esperam nas filas em postos de saúde e hospitais públicos, além da falta de leitos e carência de médicos. Não basta apenas ampliar os investimentos em saúde pública, é preciso reverter a má distribuição dos recursos e melhorar a infraestrutura nas regiões mais desassistidas.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Primeiras Estórias

O livro Primeiras estórias faz parte do terceiro tempo do Modernismo brasileiro e foi publicado em 1962. As 21 estórias, portanto, são narrativas preocupadas em tematizar, simbolicamente, os segredos da existência humana. 

Trata-se do primeiro conjunto de histórias compactas a seguir a linha do conto tradicional, daí o "Primeiras" do título. O escritos acrescenta, logo após, o termo estória, tomando-o emprestado do inglês, em oposição ao termo História, designando algo mais próximo da invenção, ficção. Na obra há a intenção de apresentar fábulas para as crianças do futuro.

À primeira vista, a leitura de Primeiras Estórias pode, falsamente, parecer difícil e a linguagem soar erudita e ininteligível, mas essa é uma avaliação precipitada. Na verdade, o autor busca recuperar na escrita, a fala das personagens do sertão mineiro; a poesia presente nas imagens, sons e estruturas de uma linguagem que está à margem da norma estabelecida pelos padrões urbanos.

Quanto ao emprego dos tempos verbais, nota-se que, na maior parte das estórias, o relato se faz através de uma mistura do pretérito perfeito com o pretérito o imperfeito do indicativo.

A obra aborda as diferentes faces do gênero: a psicológica, a fantástica, a autobiográfica, a anedótica, a satírica, vazadas em diferentes tons: o cômico, o trágico, o patético, o lírico, o sarcástico, o erudito, o popular.

As personagens embora variem muito quanto à faixa etária e experiência de vida, elas se ligam por um aspecto comum: suas reações psicossociais extrapolam o limite da normalidade. São crianças e adolescentes superdotados, santos, bandidos, gurus sertanejos, vampiros e, principalmente, loucos: sete estórias apresentam personagens com este traço. 

A relação com a morte e com o desejo de imortalidade está presente em toda a obra de Guimarães Rosa, mas talvez com mais intensidade em "Primeiras Estórias".

Em cada um dos contos deste livro o narrador configura sua experiência de forma diferente, atravessando estágios emocionais distintos, conforme o ponto do percurso em que se encontra. Tanto em As Margens da Alegria, quanto em Os Cimos, contos extremos do livro, ele se identifica profundamente com o protagonista, como se ele espelhasse sua própria trajetória, sua infância, como se assim universalizasse, de certa forma, essa travessia. Ou seja, ele tenta perceber o que há de comum na infância de cada menino, nessas delicadas passagens, em seus estados de alma, nos dolorosos conflitos, nas fascinantes descobertas.

Os personagens de Rosa parecem caminhar pelas veredas da memória, vagar pelos labirintos de sua psique, ser guiados pelos fios das experiências por eles vividas e não completamente elaboradas no plano da consciência. Eles são movidos pela necessidade de transmitir suas vivências, para melhor compreendê-las e ordená-las em sua mente consciente. Diante do tempo transcorrido, os protagonistas rosianos mantêm uma constante atitude interrogativa.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dica de Leitura: Farsa Da Boa Preguiça


Farsa da Boa Preguiça - Ariano Suassuna



Escrita em 1960, pelo romancista e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna (1927), a obra “Farsa da Boa Preguiça” é permeada de valores e personagens da cultura popular, considerada uma referência exemplar do folclore nordestino, com tipos sempre um tanto exagerados e altamente representativos, a peça é composta de três atos. 
A história narra às peripécias do poeta de cordel Joaquim Simão, personagem pobre, “preguiçoso”, que só pensa em dormir. Envolvido matrimonialmente com Nevinha, uma mulher religiosa e dedicada à família, o casal apesar das dificuldades é exemplo de fidelidade.  Já o casal mais rico da cidade, os vizinhos Aderaldo Catacão e Clarabela, possuem um relacionamento aberto e duvidoso. Aderaldo é apaixonado por Nevinha, e Clarabela quer conquistar Joaquim Simão.
Durante a trama, Três demônios fazem de tudo para que o pobre casal se renda à tentação e caia no pecado, enquanto dois santos tentam intervir. A partir daí, nascem situações inusitadas, fazendo deste enredo, uma das peças brasileiras mais divertidas.


Personagens: Joaquim Simão: Um tipo 'amarelo' nordestino, cujas proezas são versos, preguiça e mulher, vivem contentes sem a sede e a doença da ambição;
Nevinha: A mulher do poeta, ama o marido. não faz cursos nem conferências, faz de tudo para livrar-se da perseguição de Aderaldo, não se mete em discussões, ajeita a casa e reza suas orações; 
Aderaldo Catação : O rico avarento, cada dia cria mais raiva de Simão, só e unicamente porque ele é poeta, e sendo pobre, vive contente, sobra maldade nos atos e pensamentos, come fogo e bebe vento;
Clarabela Catação : A mulher do ricaço, uma falsa intelectual, que fala difícil, uma perua que discute problemas de 'arte conteudística'., entrega-se á avareza, á luxúria e a libertinagem;
Andreza: A cancachora, uma mulher fuxiqueira;
 Fedegoso: Um sujeito repugnante, sem compostura e sem dignidade; contratado de Dna. Clarabela;
Capirotos (2): Disfarçados de mendigos; Jesus Cristo: O caminho, a verdade e a vida. Uma luz que nunca se apaga 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Tema de Redação

Onda de justiceiros no Brasil: quando a vítima se torna violenta:


A onda de justiça com as próprias mãos está crescendo no País. Além do Rio de Janeiro, a polícia já registrou neste ano casos de criminosos espancados ou humilhados pelos cidadãos em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás. Em um desses episódios violentos, um adolescente de 16 anos que tentou roubar uma moto na cidade foi amarrado a grade e levou pontapé de um operário de obra.

Será que agir "por instinto" não pode comprometer ainda mais a segurança das pessoas? Humilhar e amarrar ao poste os bandidos não pode estimular o ódio e a vingança deles? A reação das vítimas não aumenta o risco de um desfecho trágico para todos os envolvidos?
Para o sociólogo da UnB Antônio Flávio Testa, a situação pode piorar. "O Estado está muito debilitado. A tendência é esse tipo de manifestação [de justiceiros] aumentar, devido à insatisfação da sociedade, pela legislação ser muito leniente com determinados tipos de criminosos", disse o especialista

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Cores e mais cores!

Como usar as cores para estudar para o Enem: 1. Material necessário

Para aplicar a técnica do arco-íris são necessárias pelo menos quatro canetas de cores diferentes. Você também deve optar por folhas de papel sulfite para fazer suas anotações já que não possuem linhas e facilitam a visualização do conteúdo.

Como usar as cores para estudar para o Enem: 2. Escolha das cores

Para qualquer matéria, escolha quatro cores para suas anotações e uma mais chamativa. Essa cor será usada para o tema estudado e deve estar sempre centralizada na página e destacada com marca texto. “Desta forma, sempre que você visualizar o tema (centralizado na página) sua mente gravará a cor e fixará a ideia contida nele”, a professora acrescenta.

Como usar as cores para estudar para o Enem: 3. Mapas mentais ou organogramas

Seu estudo deverá ser anotado em quatro etapas formando mapas mentais ou organogramas. As cores são separadas de acordo com esses itens/etapas: itens de fundamental importância (use, por exemplo, vermelho), itens relevantes, mas secundários (escolha outra cor, como o verde), itens extras, ou seja, comentários realizados pelo professor, dicas, leituras (você pode usar o azul) e tópicos de reflexão ligados ao tema, esses “devem ficar isolados por um quadrado e com uma cor de destaca, por exemplo, lilás”, diz Eliane.

Como usar as cores para estudar para o Enem: 4. Revisão

A professora explica que essas fichas de organogramas servirão para que os estudantes revisem os conteúdos no fim do ano para se preparem para os vestibulares. “O mês de outubro é um mês de revisão. Ao longo do ano ele (o aluno) monta fichas coloridas. Quando chegar na hora da revisão já sabe o que é importante”. As cores irão formar uma imagem mental que irá auxiliar você na aprendizagem dos conteúdos e na sua organização mental. 

Eliane esclarece que isso ocorre porque, como ela, a maioria das pessoas possui inteligência visual. A técnica foi desenvolvida quando a professora estudava em cursinho preparatório para o vestibular. "Vi que as fichas me ajudavam porque não tinha tempo para estudar, por também trabalhar. Muita gente fazia textos, eu fazia desenhos." Ela explica que a metodologia também pode ser usada com matérias exatas, sto é, química, física e matemática. Nesses casos os alunos devem deixar dois exercícios prontos como modelo, um fácil e outro mais difícil, e preencher o organograma com a teoria da matéria em questão.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Para uma boa redação, um bom RASCUNHO!

Quando você escreve uma redação, geralmente ela fica cheia de rabiscos, certo? Isso acontece porque, ao longo do texto, você mudou de ideia quanto a esse argumento, escreveu uma palavra errada aqui e ali, separou o sujeito do verbo com vírgula e, por isso, teve que riscar algumas coisas.

É normal passar por isso na hora de redigir um texto, mas entregar uma redação com tantas rasuras pode fazer com que o corretor tenha dificuldades em lê-la, algo que nenhum candidato deseja, porque pode diminuir sua nota. Para evitar essa perda de pontos, antes de escrever seu texto definitivamente na folha pautada, faça um rascunho.

Você deve estar se perguntando: “mas a prova é composta por 90 questões sobre Linguagens e Matemática e a redação. Dá para fazer tudo isso e ainda um rascunho?” É verdade que tempo é um artigo precioso durante a prova, contudo, se você administrá-lo bem, dá tempo sim. Deixando uma hora para redigir sua dissertação e cerca de 3 minutos para cada questão, você conseguirá escrever seu rascunho com calma e ainda passá-lo a limpo.


Ainda não se convenceu? Pois saiba que fazer um esboço ajuda a desenvolver melhor suas ideias, dando a possibilidade de editá-las e melhorá-las.


A professora Andrea Lanzara, do Cursinho da Poli, em São Paulo, vai além. Ela julga essencial que o aluno faça um plano de texto, ou seja, um pré-rascunho, e justifica: “toda vez que você tem que 
mostrar uma base argumentativa sobre uma tese é necessário que você planeje como você vai argumentar.”


Desta forma, antes de fazer seu rascunho, coloque na ponta do lápis tudo o que pensou sobre o tema e tente a partir disso criar uma a estrutura para o seu texto. Agrupe ideias semelhantes e organize-as para que seus parágrafos tenham uma sequência lógica e coerente. Para isso, você pode, por exemplo, fazer uma lista, separando introdução, parágrafo 1, parágrafo 2 e conclusão. Abaixo de cada um deles, anotar qual é a mensagem principal e algumas ideias que a apóiem. Pronto, seu esboço foi finalizado.


Depois de organizar seus pensamentos e decidir quais são seus argumentos, mãos à obra. Não se esqueça de que se trata de um texto dissertativo e, por isso, você deve seguir as normas esperadas para esse tipo composição, como não escrever em primeira pessoa do singular.


Sobre o Enem 2014

Enem 2014 será realizado nos dias 8 e 9 de novembro e tem 8,7 milhões de candidatos inscritos. O exame é utilizado na seleção de todas as universidades federais, pré-requisito para o acesso a programas como Ciência sem FrontreirasProuni e Fies. Além disso, o Enem certifica a conclusão do ensino médio.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dica de Leitura: Cartas Chilenas

Sobre a Obra


As Cartas Chilenas encontram‐se entre os melhores textos satíricos da língua portuguesa. Poema incompleto, o livro trata da corrupção de Luís da Cunha Meneses, governador da Capitania de Minas Gerais entre 1783 e 1788. Escrita sob anonimato ‐ para evitar represálias, evidentemente ‐ e permanecida inédita até 1845, durante muito tempo polemizou‐se sobre a sua autoria, que um certo consenso atribui a Tomás Antônio Gonzaga (1744‐1810)

. Nela, Chilenas querem dizer Mineiras: Chile seria Minas Gerais; Santiago, Vila Rica. Os personagens também tentam despistar a inspiração: o governador ficou ilustrado por Fanfarrão Minésio; o autor se autodenomina de Critilo; o destinatário das cartas chama‐se Doroteu
São 13 cartas escritas em decassílabos brancos (sem rimas). Os costumes da cidade de Vila Rica são expostos de modo caricato e impiedoso, sobretudo os atos grosseiros e os desmandos da aristocracia. Seus temas se anunciam a cada carta: a entrada de Fanfarrão no Chile; a fingida piedade inicial deste a fim de angariar negócios; suas violências e injustiças; o casamento do futuro rei d. João 6º e Carlota Joaquina; as desordens e brejeirices de Fanfarrão. Autor revolucionário em certa medida, Gonzaga faz da literatura aqui um modo de combate, um meio que julga capaz de transformar a ordem que não lhe é conveniente: "Um D. Quixote pode desterrar do mundo as loucuras dos cavaleiros andantes; um Fanfarrão Minésio pode também corrigir a desordem de um governador despótico”, diz o poeta no prefácio.
A influência dos iluministas franceses se mostra clara aqui. Gonzaga teria se inspirado no estilo satírico de Voltaire e nas Cartas Persas (1721), do Barão de Montesquieu (1689‐1755), para intitular seu poema. Nesta obra, um dos manuais do Iluminismo, um persa visita a França e tenta entender os hábitos e as instituições do país. Na comparação entre culturas e costumes diferentes residem as ironias de Montesquieu.

Sobre o Autor 


Tomás Antônio Gonzaga ‐ Nasceu em Portugal em 1744 e morreu em 1810, na África, para onde tinha sido desterrado por seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Viveu alguns anos no Brasil, depois foi estudar Direito em Portugal, regressando em 1782 como ouvidor de Vila Rica. Sob o pseudônimo árcade de Dirceu, escreveu poesias líricas em que fala de seus amores por Marília, nome criado por ele para se referir à jovem Maria Dorotéia de Seixas. Essas poesias formam o livro Marília de Dirceu, em que aparece frequentemente o desejo de uma vida em contato com a natureza, entre pastores, numa existência simples e feliz. Insiste na brevidade da vida, na passagem do tempo que tudo destrói, acentuando a busca do prazer e o gozo do momento presente. Além disso, escreveu ainda uma obra satírica em versos: Cartas chilenas, que circularam sob forma manuscrita em Vila Rica, e cuja autoria só recentemente foi atribuída a Tomás Antônio Gonzaga. Nessas cartas, o autor satiriza Luís da Cunha Meneses por suas arbitrariedades como governador da capitania de Minas. Os nomes das pessoas e da região são substituídos por outros: Minas Gerais é o Chile; Vila Rica é Santiago; o autor se dá o nome de Critilo e o destinatário é Doroteu; o governador é chamado de Fanfarrão Minésio.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Feliz dia do Estudante



Como responder as Charges no ENEM

1 – Entenda a linguagem como um todo

As tirinhas são compostas pela linguagem verbal (que são os diálogos e frases) e a não verbal(representada pelas imagens). Uma completa a outra, portanto entender as duas é essencial para compreender a mensagem que está sendo passada.

2 – Compreenda o humor

O humor nas tirinhas é baseado na ambiguidade, ou seja, na dualidade de sentidos. Isso significa que uma frase pode ter um significado diferente daquele que seria óbvio, portanto é essencial que o estudante tente encontrar qual é o sentido que o autor quis dar à frase.

3 – Perceba como a comunicação ocorre

As tirinhas têm comunicação rápida, pois devem passar a sua mensagem num espaço curto. O aluno deve estar preparado para interpretar o que está sendo dito na mesma velocidade, caso contrário não conseguirá compreender a charge. Perceber a sequência dos quadros (o que inclui imagens e textos) é crucial. Para treinar antes do Enem, leia questões desse tipo em provas anteriores e procure interpretá-las.

Os principais erros dos estudantes em questões com tirinhas 
Segundo o professor Cruz, o principal motivo para os candidatos errarem as questões com tirinhas é por não entenderem o humor delas – fator que é crucial para identificar a resposta correta. “Quando falamos em entender o humor, alguns alunos brincam dizendo que não viram graça na charge. A questão, porém, é entender a construção do humor, ou seja, a sua ambiguidade, e não esperar uma piada”, esclarece.


Outra atitude que leva ao erro é a de ignorar a pergunta do enunciado. Isso acontece porque muitos alunos se empolgam ao ver a imagem e após ler a tirinha vão direto às alternativas, sem prestar atenção no que está sendo pedido no exercício. Assim, o estudante acaba escolhendo uma alternativa coerente, mas que não responde à pergunta feita e erra a resposta.

Sobre o Enem 2014 
As provas do Enem 2014 acontecem nos dias 8 e 9 de novembro. Com a nota do exame é possível participar de programas como o Sisu, que oferece vagas em faculdades públicas; o ProUni, para quem deseja conseguir uma bolsa de estudos em instituições privadas do ensino superior; e o Sisutec, que oferece vagas gratuitas em cursos técnicos. Além disso, a nota do Enem vale como certificação de conclusão do Ensino Médio.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Dica de Leitura: Vidas Secas


Sobre Graciliano Ramos
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Terminando o segundo-grau em Maceió, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista durante alguns anos. Em 1915 volta para o Alagoas e casa-se com Maria Augusta de Barros, que falece em 1920 e o deixa com quatro filhos.

Trabalhando como prefeito de uma pequena cidade interiorana, foi convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, "Caetés" (1933), com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto trabalhava como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. Foi preso político do governo Getúlio Vagas enquanto se preparava para lançar "Angústia", que conseguiu publicar com a ajuda de seu amigo José Lins do Rego em 1936. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e realiza durante os anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus junto de sua segunda esposa, o que lhe rende seu livro "Viagem" (1954).

Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.

Suas principais obras são: "Caetés" (1933), "São Bernardo" (1934), "Angústia" (1936), "Vidas Secas" (1938), "Infância" (1945), "Insônia" (1947), "Memórias do Cárcere" (1953) e "Viagem" (1954).



Resumo
O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, "Mudança", e o último, "Fuga", devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. "Mudança" narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em "Fuga" os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente.

Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no.

Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiaram para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro aguenta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que por fim acaba insultando a mãe do soldado e indo preso. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar.






Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe. 
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dom Casmurro

Sobre o autor
Machado de Assis conseguiu como poucos desentranhar dos acontecimentos políticos de seu tempo o significado humano mais profundo. Assim, o ambiente aparentemente pacífico da vida institucional brasileira da segunda metade do século XIX escondia a violência da escravidão e do sistema de troca de favores que norteava a relação entre ricos e pobres. Ao falar do Brasil, Machado desnudava o ser humano em sua miséria moral. E construía a obra mais genial de nossa literatura.

Importância do livro 
A temática da traição, presente em Dom Casmurro é instigante por si só. A traição conduz o ser humano aos limites da racionalidade e à beira da perda da razão. No entanto, o traço fundamental da obra é o questionamento da verdade, entendida como um dos edifícios do realismo a que o próprio escritor pertencia. A intensidade desse diálogo – com o tempo, com as emoções humanas e com a arte – faz de Dom Casmurro um romance de releituras sempre proveitosas. 

As marcas mais evidentes do estilo machadiano estão presentes no livro: a digressão (suspensão da narrativa para o desenvolvimento de reflexões paralelas), a metalinguagem (discurso sobre a própria arte) e o diálogo com o leitor, quase sempre conduzido com fina ironia. 
Período histórico
O Brasil da segunda metade do século XIX era uma economia em formação e em transformação. O estabelecimento de bases capitalistas relativamente modernas convivia, e conviveria ainda por muito tempo, com a persistência de hábitos e pensamentos conservadores.

Personagens Principais:
- Bento Santiago: narrador e protagonista, conta a história de sua vida, focalizando o adultério de que se acha vítima. 
- Capitu: moça pobre que se torna namorada e posteriormente esposa de Bento. 
- Escobar: o melhor amigo de Bento, compõe com Capitu o triângulo amoroso em que o narrador vê sua vida transformada. 
- Sancha: esposa de Escobar e melhor amiga de Capitu. 
- D. Glória: mãe de Bento, superprotetora e controladora, mandou o filho para o seminário para cumprir uma promessa. 
- José Dias: agregado que troca sua sobrevivência por bajulação. 
- Prima Justina: dependente financeira de D. Glória. 
- Tio Cosme: irmão de D. Glória, também dependente dela.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Dica de Leitura: Senhora

Sobre a Obra:

Senhora é um romance urbano do, publicado, na forma de folhetim em 1875 pelo escritor brasileiro José de Alencar.Esse é um dos últimos romances do escritor, publicado dois anos antes da morte do escritor. Da mesma forma que Iracema, Senhora é juntamente com Lucíola um dos pontos altos da sua ficção citadina e de atualidade. Romance de final feliz é o último desenvolvimento  agora em clave de maior densidade psicológica do motivo do conflito entre o amor e o interesse.

Resumo:
José de Alencar
Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira e órfã de pai,depois de perder seu irmão apaixonou-se por Fernando Seixas – homem ambicioso - a quem namorou. Este, porém, desfaz a relação, movido pela vontade de se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral, e pelo dote ao qual teria direito de receber. Passado algum tempo, Aurélia, já órfã de mãe também, recebe uma grande herança do avô e ascende socialmente.Passa, pois, a ser figura de destaque nos eventos da sociedade da época. Dividida entre o amor e o orgulho ferido, ela encarrega seu tutor e tio, Lemos, de negociar seu casamento com Fernando por um dote de cem contos de réis. O acordo realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas do casamento. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando fica muito feliz, pois, na verdade, nunca deixou de amá-la. A jovem, porém, na noite de núpcias,   deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter.

Personagens principais: 

  • Aurélia Camargo (Senhora) - Uma mulher diferente de todas as outras que naquela época viviam. Destacava-se pela sua beleza e pela sua maneira de agir e de pensar. Opunha-se a algumas regras determinadas pela sociedade que não lhe agradavam. Aurélia a todos pode dominar e tem tudo o que quer ter. Era educada, delicada, corajosa, elegante, informada, inteligente, experiente. Era com certeza, alguém que nasceu para a riqueza e para a alta sociedade, e talvez, a característica que consideramos a mais importante, que pode ser a explicação de seu sucesso no domínio das pessoas: a sua frieza e seu estimável auto-controle.
  • Fernando Seixas - Uma importante característica de Seixas é o enorme contraste entre a sua vida social que levava na alta sociedade e a que tinha em casa com sua família. Seixas era um homem de classe, que possui bens caríssimos, só disponíveis às pessoas da mais alta sociedade. Fernando era fino, nobre, elegante, educado e extremamente inteligente. Era um moço extremamente jovem e carinhoso, sabia perfeitamente como tratar as irmãs (que o bajulavam a toda hora e brigavam ciumentas por ele). Vale também dizer que Fernando possuía uma barba castanha e um bigode muito elegante.
  • Lemos - Era baixo, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Era vivo, extremamente alegre e confiante. Lemos era ainda um velho otimista, principalmente nos negócios que costumava fazer, e sabia perfeitamente conduzir uma transação, mesmo que esta não se acomode em bons resultados de início, como foi o caso da sua conversa com Seixas pelo dote de cem mil contos de réis oferecidos por Aurélia.
  • Adelaide – Uma mulher rica, poderosa e sedutora. Pelo dote que seu pai oferece tira Fernando Seixas de Aurélia, mas mesmo Torquato Ribeiro sendo pobre ela o amava e conseguiu casar-se com ele graças a Aurélia

Super Aulão Energia


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sábado é dia de CINE ATUAÇÃO



Novidade Atuação!


Dia 05 de Julho aluno Atuação Pré-Vestibular tem: Pacotão FAGA, a partir das 7:30 da manhã, você que vai fazer a prova dessa universidade não pode deixar de participar! 


quarta-feira, 18 de junho de 2014

Aula de Sociologia e Artes

Atenção feras, nesse próximo sábado vamos ter aula de Sociologia e Artes com os professores Helder e Pedrão, é a partir das 8h, você não pode perder! #Sociologia #Artes #ProfessoresFeras #AtuaçãoFazADiferença



segunda-feira, 16 de junho de 2014

MEC divulga o resultado do ProUni

O Ministério da Educação divulga neste domingo (15) na internet o resultado da primeira chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni). A partir desta segunda-feira (16), os candidatos devem se dirigir à faculdade para a qual foram pré-selecionados, levando os documentos que comprovam as informações prestadas na ficha de inscrição.
Para evitar contratempos, o candidato deve verificar o horário e o local no qual deve comparecer para a apresenação das informações. O prazo para que isso seja feito vai até o dia 24.  Caso perca o prazo, o candidato é automaticamente retirado do processo.
Na página do ProUni está disponível uma lista com a documentação necessária. Entre os itens solicitados estão documento de identificação, comprovante de residência, de rendimento e de conclusão do ensino médio. 
O ProUni oferece bolsa de estudo integral ou parcial (50% da mensalidade) em instituições particulares de educação superior que tenham cursos de graduação e sequenciais de formação específica. O programa é dirigido a egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular, na condição de bolsistas integrais.
O estudante precisa comprovar renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio para a bolsa integral e de até três salários mínimos para bolsa parcial.
Esta edição do programa ofertou 115.101 bolsas e teve 653.992 inscritos.

Veja abaixo o cronograma do ProUni:
Resultado da primeira chamada: 15 de junho
Comprovação de informações: de 16 a 24 de junho
Resultado da segunda chamada: 4 de julho
Comprovação de informações: de 4 a 11 de julho
Adesão à lista de espera: 21 e 22 de julho
Comprovação de informações dos candidatos em lista de espera: 29 e 30 de julho

UPE elimina vestibular tradicional a partir do ano que vem

A Universidade de Pernambuco (UPE) anunciou nesta sexta-feira (13) a mudança em seu vestibular para o ingresso em 2016. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será totalmente utilizado para a seleção dos estudantes. Com o resultado da prova, os candidatos devem se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O Conselho Universitário (Consun) decidiu que o vestibular 2015 ainda será realizado nos moldes atuais, com 40% das vagas destinadas ao Sistema Seriado de Avaliação (SSA) e 60% para o vestibular tradicional. O SSA vai continuar a funcionar da mesma forma.
Outra mudança é a quantidade de vagas destinadas a cada modaldiade de vestibular. Cinquenta por cento das vagas vão ser preenchidas pelo SSA e 50% pelo Sisu.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Rolezinhos.

A palavra “rolê” é uma gíria associada a dar uma volta e se divertir. Os primeiros rolezinhos aconteceram em dezembro de 2013, organizados por cantores de funk, em resposta à aprovação de um projeto de lei que proibia bailes nas ruas de São Paulo (proposta que depois foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad).
Depois, MC’s passaram a promover encontros ao vivo com suas fãs, seguidos pelos “famosinhos”, pessoas com milhares de seguidores nas redes sociais, que também entraram na onda e levaram seus fãs do Facebook aos shoppings. O objetivo era conhecer gente nova, ser visto, paquerar, se divertir e escutar funk ostentação, gênero musical que mistura batidas de funk a letras sobre consumo e marcas de luxo.
A situação que fugia da rotina habitual desses centros comerciais causou pânico. Um dos primeiros rolezinhos aconteceu em 7 de dezembro, no shopping Metrô Itaquera, zona leste da capital paulista. Convocado pelo Facebook, o evento reuniu 6.000 jovens no estacionamento. Por denúncias de furto e temendo um arrastão, lojistas acionaram a polícia e o shopping fechou as portas mais cedo.
No dia 11 de janeiro, novamente no shopping Itaquera, um grupo de mil pessoas que se reunia para um rolezinho foi reprimido pela PM, que chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo, bala de borracha e spray de pimenta. Houve correria, pânico e denúncias de furto.
Diante da divulgação de que ocorreria um rolezinho no local, o shopping JK Iguatemi, um dos mais sofisticados da capital paulista, conseguiu liminar na Justiça proibindo o acesso de menores desacompanhados e multa para quem promovesse a mobilização. O encontro não chegou a acontecer, mas a checagem de documentos pelos seguranças para evitar o acesso causou polêmica. 
Pela lei, nenhum tipo de estabelecimento comercial pode adotar medidas de discriminação para evitar o acesso de pessoas. É proibida qualquer seleção de consumidores a partir de critérios como raça, origem social, idade ou orientação sexual. Caso o local tome esta atitude, pode receber processos judiciais. O shopping pode adotar medidas de segurança, como limitar o número de pessoas e coibir condutas ilegais como o uso de drogas e violência.



Durante os rolezinhos de dezembro e início de janeiro, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping contabilizou uma queda de 25% no movimento dos estabelecimentos envolvidos. Com medo, muita gente evitou esses lugares. Já o fechamento das lojas e a seleção nos shoppings despertou um debate nacional sobre violência e segregação racial e social. Houve até “rolezinhos de universitários”, protestos de manifestantes com viés político que questionam as atitudes dos shoppings.

Democratização do consumo?

Os encontros e as reações e eles ganharam diferentes interpretações: seriam um pretexto para fazer baderna e confusão, gerando prejuízos financeiros e de imagem para os centros comerciais; reflexo da falta de espaços públicos e de convivência segura para os jovens, que veem no shopping sua única saída; e, ainda, como uma demonstração de desigualdade e elitismo da sociedade brasileira.
Esse incômodo estaria relacionado à democratização do consumo, reflexo da ascensão da classe C no país. Os espaços tradicionais de consumo, que antes eram exclusivos de uma classe mais abastada, agora são cada vez mais ocupados por classes emergentes. É a inserção social pelo consumo.
Segundo o Instituto Data Popular, que traçou um retrato dos jovens que participam dos rolezinhos, eles pertencem fundamentalmente à classe C e têm potencial de consumo (R$ 129 bilhões por mês) maior do que as classes A, B e D juntas (R$ 99 bilhões por mês).
Quanto ao perfil dos consumidores que frequentam shoppings brasileiros ele pode ser dividido em 22% de classe A, 41% da B e 37% da C. Segundo o último censo da Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers), os jovens da classe C são maioria dos consumidores nesses estabelecimentos.

Ir ao shopping é se integrar

“Tudo começou como distração e diversão: se arrumar, sair, se vestir bem. Existe toda uma relação com as marcas e com o consumo, num processo de afirmação social e apropriação de espaços urbanos. Ir ao shopping é se integrar, pertencer à sociedade de consumo”, avalia a antropóloga e professora da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Rosana Pinheiro-Machado, ao comentar sobre a relação de inclusão social que os jovens veem nesse novo poder de compra.
Os números acima também refletem a ascensão de consumo que a classe C teve nos últimos dez anos -- chamada de “nova classe C”. A nomenclatura teve seu marco com a pesquisa intitulada "Nova classe média", realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e divulgada em agosto de 2008. Essa "nova classe média", ou "nova classe C", tem uma renda entre R$1.064,00 e R$ 4.561,00 e abriga 52,67% da população, o equivalente a quase 98 milhões de pessoas.
Houve também aumento do salário mínimo, a diminuição do desemprego, o aumento da linha de crédito (parcelamento pelo cartão) e a diminuição de impostos de algumas mercadorias pelo Governo. Outras facetas desse grupo são a facilidade do acesso à internet e aumento da possibilidade de frequentar uma universidade.
Como resultado, os filhos da chamada “nova classe média brasileira” agora têm acesso a produtos que antes não podiam comprar e valorizam produtos mais sofisticados.

E o que eles querem consumir?

A maioria dos jovens, segundo o instituto, deseja comprar produtos eletrônicos e a roupas da moda que geram status e prestígio. A pesquisa revelou que 15% pretendem comprar um notebook, 11% querem adquirir um smartphone e 11% um tablet. Bonés, roupas e tênis de grife também estão entre os itens desejados. Os adolescentes da nova classe C chegam a gastar R$ 1.000 em um tênis, e mesmo assim, algumas marcas não querem sua imagem associada a esse público.
Para os shoppings, a questão dos rolezinhos será resolvida de duas formas. Uns vão fechar as portas em caso de aglomeração, outros, como o Shopping Itaquera, sinalizaram atitude diferente. Foi acertado que o shopping será informado sobre os encontros, não para impedir, mas organizar melhor o evento. Já o Governo Federal promete planejar novas políticas públicas para a juventude, em conjunto com os Estados. Além disso, está monitorando a internet e prepara forças policiais caso os rolezinhos fujam do controle.

Políticas públicas

No entanto, observadores apontam que o fenômeno dos rolezinhos coloca em xeque outras áreas e demandas sociais, como educação, saúde e esporte, que não apareceram na pauta das soluções para evitar a multidão nos shoppings (em 2014, o Brasil deve ganhar mais 40 shoppings).
“A inclusão dos últimos anos foi em boa medida um aumento do poder de compra a crédito. Os pobres compram mais – o que é ótimo, porque eles tinham e ainda têm acesso limitado a vários bens que asseguram o conforto. Mas esse foi o eixo mais marcante da inclusão. Embora a educação esteja melhorando, a dupla do bem – que seria o mix de educação e cultura, e o de saúde e atividade física – não desperta igual atenção nem gera resultados rápidos”, escreve o filósofo Renato Janine Ribeiro no artigo “A inclusão social pelo consumo”.
Fonte: UOL